Com o intuito de fomentar um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor, os professores do IFMT-Campus Barra do Garças, Lirian Keli dos Santos e André Luis Hippler, criaram dois projetos de extensão, “Divergentes” e “Transgredir”.
“Nos projetos, o respeito ao nome social e à identidade de gênero é valorizado, contribuindo para a formação de cidadãos críticos e sensíveis às diferenças. Isso se torna um passo essencial para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva, capaz de combater as diversas formas de violência e exclusão” argumenta a professora Lirian Keli dos Santos.
Uma das ações do projeto foi a realização de uma live/palestra, no mês de setembro, com o título: “Direitos Humanos e Cidadania: Vozes e Desafios da Comunidade Trans”. A live contou com a participação de mais de 130 pessoas, ministrada por Kollen Morais (homem trans) e Wéliri Vinícius Rodrigues Correa (homem gay, egresso do curso Técnico em Administração pelo IFMT-Campus Barra do Garças e atualmente graduando em Direito na UFMT - Campus Universitário do Araguaia). Foram debatidos temas sobre as vivências da população trans, com ênfase no ambiente educacional e em como a promoção de espaços inclusivos pode ajudar a reduzir a evasão escolar entre estudantes trans, frequentemente vítimas de discriminação e bullying.
Cartilha de Visibilidade Transexual, Travesti e Transgênero
O projeto “Transgredir” teve também como resultado a confecção de uma Cartilha de Visibilidade Transexual, Travesti e Transgênero. Conforme a docente Lirian, o trabalho reforça o compromisso do IFMT-Compus Barra do Garças com a inclusão e os direitos humanos. “A cartilha está disponível no portal eduCapes sendo idealizada pelo professor André Luis Hippler e por mim, em colaboração com os bolsistas Ana Carolina Luz Hippler, do Curso Técnico Integrado em Informática, e do egresso Wéliri Vinícius Rodrigues Correa, Técnico em Administração pelo IFMT-Campus Barra do Garças, atualmente graduando em Direito na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) - Campus Universitário do Araguaia. Esta publicação visa conscientizar o público sobre os conceitos relacionados à identidade trans e ao gênero de forma geral, oferecendo informações breves e acessíveis sobre temas de grande relevância. A intenção é promover uma reflexão coletiva que incentive o respeito à diversidade e à diversidade e às diversas formas de ser e viver presentes em nossa sociedade. Em meio às inúmeras lutas enfrentadas pelas pessoas trans em uma sociedade ainda marcada pela intolerância, é fundamental adotarmos abordagens didáticas que proporcionem visibilidade aos direitos, prerrogativas e especificidades das comunidades transexuais, travestis e transgêneros” explica a professora Lirian.
Site com as publicações do projeto:
https://www.instagram.com/divergentes_ifmtbg/
@divergentes_ifmtbg
Site com o arquivo da Cartilha:
https://educapes.capes.gov.br/handle/capes/917904
Sobre o projeto Transgredir: Representatividade Trans no IFMT-Campus Barra do Garças
Discutir a questão dos transgêneros ainda se constitui em uma temática complexa, pois há uma atribuição de identidade heteronormativa, que insiste que haja coerência entre sexo, gênero, desejo e prática sexual. Impedidos de exercer seus direitos e relegados a condição de invisibilidade, é negado a esses atores romper esse transcurso, e avançar em representações positivas não é tarefa fácil. É inegável que existe uma norma dominante que deslegitima a existência dos transgêneros, considerados desimportantes, esses discursos promovem e perpetuam desigualdades e discriminação social. No que se refere a esta questão, as abordagens que tratam o tema nas imprensa/mídias sociais estão relacionadas a parada gay ou em notícias sobre ataques a travestis e transexuais, reproduzindo e legitimando as discriminações e violências sofridas por essa população. Desta forma, verifica-se a necessidade de projetos de extensão que promovam a representatividade positiva dos transgêneros na nossa sociedade através das mídias sociais. Visto que, sofrem de exclusão de todas as ordens como de gênero, orientação sexual, cor, classe social, comportamento ou idade, e tem o direito a ter voz e representação equilibrada, igualitária. Portanto, o objetivo principal desta proposta de é promover práticas pedagógicas que promovam o ativismo trans nas mídias sociais, e proporcionem a desconstrução de padrões e rótulos para a construção de identidade trans positiva, para que estes/as tornem-se adultos/as livres de preconceitos e estereótipos.
Sobre o projeto Divergentes: Desafiando estereótipos e promovendo conhecimento
A Escola deve ser um ambiente de diversidade, onde todos têm direito à educação. É importante incentivar o respeito às diferentes orientações sexuais, identidade de gênero, raças, etnias, etarismo, crenças religiosas, classes sociais e pessoas com deficiência. A diversidade no ambiente escolar contribui significativamente para a inclusão de todas/os as/os estudantes, propiciando o respeito às distintas formas de existência no mundo. Esta integração abrange o diálogo saudável entre pessoas dos variados gêneros, sexualidades, raças, etnias, faixas etárias, crenças religiosas, classes sociais, pessoas com deficiência, etc. Compreender a diversidade é o primeiro passo para evitar a intolerância, o preconceito, a discriminação, bullying, atos de violência simbólica, psicológica e física. Este projeto de extensão almeja promover práticas pedagógicas de valorização da diversidade no ambiente escolar. É inegável que o espaço escolar se constitui como um ambiente carregado de desigualdades, já que, geralmente, são propagadas relações preconceituosas e discriminatórias, que promovem e perpetuam a desigualdade no mercado de trabalho, no uso do tempo, nos espaços de poder público e privado, dentre outros. É imprescindível adotar uma abordagem pedagógica que promova a igualdade, sem discriminação racial, homofobia, lesbofobia, transfobia, sexismo, preconceito etário ou em relação às pessoas com deficiência, além de incentivar a tolerância religiosa. Se quisermos construir uma sociedade justa e inclusiva, não podemos ignorar a responsabilidade de tratar as minorias sociais como agentes históricos e não apenas como sujeitos de discurso.